Resenha: A Aposta - Vanessa Bosso.

30 janeiro 2017
A Aposta
Autora: Vanessa Bosso
Páginas: 288. 
Editora: Novas Páginas | Novo Conceito

A primeira experiência amorosa de Nina não foi nada boa. Diante de tamanha decepção, a garota não quer saber de namorados e seu coração virou uma pedra de gelo. No colégio, os garotos lançam uma aposta a Lex, o grande pegador , daqueles que arrancam suspiros até mesmo de objetos inanimados. Será que ele, com todo seu poder de sedução, conseguirá conquistar o coração de Nina? De forma hilária e dinâmica, a autora levará os leitores a uma viagem inesquecível, na qual a amizade e o amor reinarão em absoluto... Até que uma vingança surja em cena para estragar tudo. Quem sairá vencedor?
Façam suas apostas. O jogo está prestes a começar.

Oi, gente. Tudo bem?
Hoje, vou falar sobre o livro A Aposta, da Vanessa Bosso, que foi a primeira decepção de 2017 para mim, no quesito leitura.

A protagonista da A Aposta é Nina Albuquerque, menina "osso duro de roer" que sofreu em seu passado e agora tem uma barreira em torno do seu coração com uma plaquinha onde está escrito "meninos, fora!". Ela é bonita, é descrita como tendo "um corpão" e tem duas melhores amigas na escola: Nathi e Laís. Faz seis meses que Nina estuda na Escola Prisma em São Paulo, pois foi expulsa da última escola na qual estudou. 

Do outro lado, temos Alexandre, ou Lex, que estuda no Prisma há bastante tempo e tem um melhor amigo chamado Gancho. Lex é ótimo em esportes e é descrito como um musculoso que pega geral. Nada de novidade até aqui, não é? 

Existe uma "cultura de apostas" na Escola Prisma. Eu não lembrava que meninos do ensino médio podiam ser tão infantis e machistas, mas os personagens do livro estão sempre fazendo apostas do tipo Fulano versus Ciclana, que faz com que um menino tenha que ficar com uma menina escolhida pelos amigos dele. A menina não pode saber que ela é uma aposta. 

Logo no início do livro, Gancho solta a aposta Lex versus Nina para conseguir dinheiro para pagar o conserto da moto de Lex. Foco aqui: R$ 6000,00. Mesmo em escola particular, acho difícil essa soma ser levantada em pouco tempo por adolescentes, ainda mais por causa de uma aposta. Mas, ok, é, ficção, então vamos relevar essa parte. A Nina descobre a aposta e ela mesma resolve virar o jogo: se Lex fizer com que ela se apaixone por ele em uma semana (durante uma viagem de formandos), ela mesma paga os seis mil reais. 

Finalmente, os alunos viajam para a Ilha Inamorata e lá várias confusões acontecem, outras apostas surgem, festas e tal. Só que no primeiro dia, a Nina já estava se sentindo diferente. Gente, ela odiava o Lex desde sempre e começa a se apaixonar por ele assim que pensa que ele apostou que ficaria com ela? Como assim, produção? Nesse ponto, pensei "Ok, vamos relevar esse ponto também, afinal já li vários romances com paixões rápidas e gostei".



A Aposta parece um daqueles filmes adolescentes americanos: tem um trio de vilãs fúteis e a vilã-mor que é ex-namorada do mocinho, existe um melhor amigo do protagonista, um cara engraçado de quem todos riem e que não é levado a sério, o casal protagonista se perdendo no mato... Mas, a pior semelhança para mim é a competição feminina. Nessa obra, a competição entre as meninas é levado a um nível absurdo. Os maiores vilões do livro são os meninos que ficam fazendo apostas bestas e se achando os maiorais, mas as meninas ficam se bicando e se chamando de "vagabas" e "biscates". Sei que essa talvez possa ser a realidade dessa faixa etária, mas acredito que a literatura deva ir contra isso, contra o bullying, contra a violência simbólica, contra os padrões de beleza atuais... E isso não acontece em A Aposta. Eu acredito que a vida escolar não deve ser da forma como a que foi apresentada nessa obra. Nós, mulheres, somos muito melhor do que isso!

Não estou dizendo que todo livro tenha que falar sobre assuntos assim ou defendê-los de alguma forma, mas simplesmente não passar mensagens erradas nas entrelinhas. Lembro que li uma entrevista com a JK Rowling uma vez, onde perguntavam a ela porque um personagem (Voldemort, no caso) valorizava tanto o poder e a maldade (algo assim) e se isso não afetaria as crianças de forma negativa. A JK disse que as crianças entendiam que o Voldy era do mal e que os personagens do bem não faziam aquilo. Em A Aposta, a própria protagonista tem atitudes horríveis, como espalhar nudes de colegas por toda a escola, chamando-as de biscates. 

Assim que iniciei essa leitura, já fiquei um tanto decepcionada pelo livro ser voltado a adolescentes (que não é meu estilo), mas relevei esse fato assim como vários outros durante a leitura sempre com o pensamento de que podia ficar melhor, mas não ficou. Nenhum dos personagens me cativou, todos eles me pareceram fúteis e alguns preconceituosos. 

Dei 2 estrelas para a obra o Skoob, porque Vanessa Bosso escreve bem e achei a forma de narrativa da obra bem diferente. Claro que cada um de vocês deve analisar outras resenhas da obra para decidir se essa é ou não uma leitura que vocês querem fazer. Vocês não tem ideia de como me magoa não gostar de alguma obra nacional. 

Alguém aí já leu? Me contem nos comentários. Beijos 💜

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