Resenha: Eu me importo - Jôbney Melo.

29 junho 2017
Eu me Importo
Autor: Jôbney Melo
Páginas: 298. 
Editora: Multifoco. 
Livro cedido em parceria com o autor.

Belmonte é uma nação cuja economia passa por um bom momento, no entanto sofre com o aumento da violência e o sentimento de impunidade. É nesse ambiente em que Edgar, político esperançoso, e Jaiwson, professor de biologia, tentam fazer algo que colabore para a mudança dessa violenta realidade. Eu me importo é uma comovente história sobre a importância da vida humana, onde cada indivíduo pode contribuir para valorizar o que há de mais precioso: a vida.


Oi, gente. Tudo bem?
Recebi o livro "Eu me Importo" em parceria com o autor Jôbney Melo faz algum tempo e, hoje, finalmente consegui trazer essa resenha para vocês! Essa resenha foi uma das que levei mais tempo para escrever e penso que poderia até escrever um artigo sobre esse livro.

Eu me importo traz uma nação fictícia chamada Belmonte, que está passando por um bom momento econômico, mas que, por outro lado, sofre com a extrema violência que assola o país. Temos dois protagonistas: Jaiwson e Edgar, que não se conhecem, mas se veem com o mesmo dilema: chamar a atenção das pessoas para a realidade do país.

O número de vítimas da violência só aumenta, e a nossa indiferença também. 

Jaiwson é professor de biologia, casado e tem um filho pequeno. Vive dia após dia com a sensação de que algo está faltando. Voltando de carro da casa dos sogros, ele reencontra uma amiga da faculdade que está participando de uma manifestação em prol da vida humana e, a partir daí, começa a se perguntar o que ele próprio faz para mudar a situação crítica na qual seu país se encontra.

Edgar é um político que acabou de escrever a proposta da Reforma Áurea a Favor da Vida, que prevê investimentos na segurança pública para combater a violência e a impunidade. Muitos inimigos e políticos de outros partidos querem banir essa reforma, fazendo tudo o que é possível para atingir seus objetivos.

Acho importante também falar um pouco do Sal, homem que já foi do exército, mas hoje ganha a vida assaltando pequenos estabelecimentos com seu grupo de "capangas". Nos capítulos que vemos um pouco do seu passado revoltante e como ele se tornou o homem que é.



A narrativa de Jôbney é bem objetiva, contando a história coesa e claramente. O autor se utiliza da narrativa em terceira pessoa para mostrar o ponto de vista de diferentes personagens. Algo que achei um tanto desnecessário foram os capítulos nomeados, que muitas vezes traziam spoiler. Eram títulos mais ou menos assim: "Fulana de tal vai ao encontro de Ciclana e fica com remorso".  Mas, depois acabei achando esses títulos engraçados.

Eu me Importo tem um grande conteúdo e, mesmo sendo ficção, remete à realidade. A diversidade dos personagens foi um fator muito positivo para mim, eles foram bem desenvolvidos mesmo em um número de páginas reduzido e também são bem reais, pessoas que vemos todos os dias.

O final do livro foi bem contemplativo, fechou todas as pontas e me deixou satisfeita enquanto leitora. Algo que eu mudaria na obra seria apenas a capa, que não condiz tanto assim com a obra e também valorizaria mais a diagramação.

- Ela morreu acreditando e tentando conscientizar pessoas como você, alertando que não basta ficar só em casa à espera de que as coisas mudem de uma hora para outra em Belmonte. 

O que mais gostei durante essa leitura foram as reflexões que esta me trouxe. Minha cabeça ficou cheia de pensamentos e tive que dar um tempo antes de ler outro livro.

A Reforma Áurea a Favor da Vida que o deputado Edgar propõe faz algum sentido, mas é bem rasa. Não estou fazendo uma crítica ao autor ou ao livro, mas contando para vocês um pouco do que pensei durante a leitura. Tal reforma prevê investimento em segurança pública. E eu entendo que não é apenas isso que se deve levar em consideração quando se quer enfrentar a violência. Se a punição fosse o suficiente para acabar com o crime, a violência no Brasil já teria acabado, considerando que nossas prisões estão superlotadas. Temos que ir além dessa  lógica cruel de "crime e castigo".



Tem uma parte do livro que o Jaiwson fala que a educação também tem que ser levada em consideração para acabarmos com a violência. Penso que não apenas a educação, mas também a política pública, seja em saúde, assistência, previdência, na própria educação, etc. Devemos criar ferramentas e estratégias para que o crime não aconteça. Percebam que não estou dizendo que pessoas que cometem violência não devem ser presas, mas sim que algo deve ser feito para que essa pessoa não precise cometer crime nenhum. 

Eu mesmo, como professor, sei como o esquecimento da educação, por parte de nossos representantes, tem ajudado a afundar o país. Com a atual política governamental de corte de verbas, porém, fica difícil pensar na aprovação da lei. 

Outro ponto que percebi foram os inimigos do Edgar vendo a reforma como gasto, dizendo que ela se utilizaria de muito dinheiro. Vários deputados brasileiros pensam a mesmíssima coisa! Coincidência? Percebemos que apesar de ser obrigação do Estado prever o bem estar do seu cidadão, sempre que uma política pública é pensada para isso, é vista com desdém por parte da população, como "ajuda" aos pobres e como gasto, mas não como investimento. Muitas pessoas não percebem que o país não é uma empresa, não tem que dar lucro.

A naturalização da morte também aparece na obra, quando um personagem morre (não é spoiler, é personagem figurante hehe) e pessoas começam a tirar fotos e filmar. Isso é cruel e desumano, mas acontece o tempo todo. Quando o livro citou a valorização da vida humana, minha mente voou. Pensei que a vida não deve ser pensada no sentido de "sobreviver", ou seja, fazer com que um sujeito não morra, mas deve sim ser vista em si, no sentido de viver plenamente, de ter uma boa vivência.

Gente, enfim... esse livro dá um debate enorme e eu tive que cortar algumas partes do que escrevi para que essa resenha não ficasse tão grande. Eu poderia ficar horas aqui falando sobre tudo isso e também sobre apelo popular, justiça egoísta, seletividade de criminosos... A questão é que sou muito ativa politicamente e qualquer menção ao assunto já quero problematizar, risos.

Resumindo, esse livro fala o quanto é importante que as pessoas não apenas pensem e debatam os problemas da sociedade em que vivem, mas que lutem para transformar essa realidade. E esse tema sempre me traz milhões de reflexões e questionamentos, espero que traga para vocês também. Super indico!

Beijos!

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7 comentários:

  1. Oiii tudo bem?
    Creio que todos deveriam realizar a leitura desse livro menina, parece se emocionante e ao mesmo tempo traz uma realidade incomum, as pessoas precisam ter um pouco, pelo menos, de empatia com o próximo e sei que esse livro tem muito a oferece, além disso, adorei a capa.
    Beijinhos

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  2. Com certeza, parece ser um livro em que a leitura traz muitas reflexões importantes. Fiquei interessada.
    Beijos
    Mari
    www.pequenosretalhos.com

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  3. Nossa, muito interessante, percebi que a editora está crescendo cada vez mais, e acho isso incrível. Quanto a resenha... está ótima, parabéns. Eu achei bem interessante o tema abordado e apesar de não fazer meu gênero irei colocar na lista, lindas fotos.

    Beijos

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  4. Olá adorei sua dica e resenha, o livro me parece apresentar uma proposta diferente, beijos!

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  5. Oi!!
    Não conhecia esse livro, a capa em si não chamou a minha atenção.
    Conforme fui lendo a resenha fui ficando mais interessada na trama criada pelo autor.
    Gosto quando o livro traz o ponto de vista de mais de um personagem, isso torna a trama mais envolvente.
    Essa questão do crescimento da violência é algo bem palpável nos dias de hoje.
    Beijão!

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  6. Eu comecei a resenha achando o livro nada interessante, mas no final, com sua problematização, percebi que o livro traz questões importantes e atuais. Adoro livro assim, que faz o leitor refletir sobre a vida, a sociedade. Espero poder ler.

    Beijos

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  7. Olá,
    Desconhecia tanto o livro quanto o autor e achei bem interessante a forma que ele resolveu tratar de uma assunto tão frequente em nosso cotidiano que mais parece um retrato do Brasil. Concordo com você em relação às ações necessárias para o combate à violência e que isso deve ser um conjunto muito bem estudado para que tenhamos algum resultado.
    Gostei de saber que o autor trata tudo bom muita objetividade e fiquei intrigada para saber um pouco mais sobre esses títulos dos capítulos.

    LEITURA DESCONTROLADA

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