Resenha: Réquiem para um Assassino - Paulo Levy.

17 novembro 2014


Parecia uma manhã como outra qualquer na pequena Palmyra, uma cidade histórica no litoral do Rio de Janeiro. A caminho do trabalho, o delegado Joaquim Dornelas se espanta com um movimento incomum nas ruas. Diante da Igreja de Santa Teresa e da Antiga Cadeia, no Centro Histórico, uma multidão observa o corpo de um homem atolado na lama seca do canal. Ninguém sabe como o corpo foi parar lá. Não há sinais de arrasto, marcas de barco, violência, ferimentos, nada. Apenas um band-aid na dobra interna do braço esquerdo. Abandonado pela mulher e longe dos filhos, o delegado Dornelas, um tipo humano, amante de cachaça e de mingau de farinha láctea, se envolve de corpo e alma no caso em busca de salvação. Sem aviso, a irmã do morto e um vereador poderoso aparecem para dar informações importantes sobre o que se tornaria um caso de dimensões bem maiores do que Dornelas poderia imaginar. Aos poucos se revela uma complexa teia de interesses envolvendo a política, o tráfico de drogas, a prostituição e a comunidade local de pescadores. A intuição aguçada, a cultura e o conhecimento das forças que movem a natureza humana permitem ao delegado Joaquim Dornelas se mover habilmente pelo emaranhado de fatos e versões que a trama apresenta. O que a princípio seria mais uma investigação na sua carreira, se torna para o delegado uma jornada de transformação pessoal.

Título: Réquiem Para um Assassino.
Autor: Paulo Levy.
Editora: Bússola.
Páginas: 224.
Classificação: 4,5/5.
Compre: Saraiva.
Site do autor.


"Réquiem para um assassino" é um livro que veio na hora certa, já que faz um bom tempo que não leio romances policiais - meu gênero favorito. Assim, eu estava super preparada para ler o livro e prestar atenção sem ficar comparando-o a outros.



 O livro nos traz Joaquim Dornelas, delegado da cidade de Palmyra, recém abandonado pela esposa e viciado em trabalho. Tudo começa quando um corpo é encontrado no canal e ninguém sabe de quem é esse corpo. Depois que a suposta irmã do homem assassinado e um vereador da cidade vão conversar com o delegado, o mistério aumenta ainda mais. Várias pessoas parecem estar envolvidas, muitas delas parecem culpadas. A questão não é tão simples assim, como "quem matou?" e "porquê matou". O que fazer quando o corpo encontrado faz vir à tona problemas na política da cidade - como superfaturamento de obras da Câmara de vereadores -, tráfico de drogas e prostituição?

Ao olhar para o bando de curiosos em terra seca, Dornelas lamentou o gosto mórbido do povo pela morte.

Confesso que eu não esperava que esse livro fosse me agradar assim. Mas, essa trama é bem intrincada, os personagens são bem descritos e o mistério - que é a melhor parte - é bem presente. Só não dei a nota máxima, pois o final do livro e a resolução do mistério foram um tanto óbvios demais para mim. Eu já havia pensado na hipótese apresentada e prefiro quando os finais me surpreendem. A parte boa é que há brecha para uma continuação e, talvez, a suposta verdadeira resolução desse suspense ainda nos seja revelada! Imaginem minha ansiedade para ler esse segundo livro!

Dornelas largou o telefone, desanimado. Sabia muito bem como giravam as engrenagens da burocracia do poder público brasileiro. O meandro de papéis, requisições, comprovantes, relatórios e carimbos, com o objetivo primeiro e claro de intimar a corrupção, ganhou com o tempo um aspecto tão monstruoso e asfixiante, quase com vida própria, que permitia até corruptos inaptos tirarem proveito de olhos fechados.

É super interessante ver como funciona - ou como não funciona - a burocracia no Brasil, ver como agem os policiais nas cidades pequenas... Enfim, a realidade brasileira. Além disso, era quase como se o livro fosse um relato de fatos reais, pois os personagens são palpáveis, quase como se fossem vizinhos, parentes. Ninguém é perfeito. Não há heróis ou vilões. É todo mundo normal, todo mundo brasileiro.

- Pobre fica sem comida e bebe água suja, mas não fica sem novela, doutor.

O delegado Dornelas, apesar de aparentar ser durão, é, de certa forma, sensível. Se importa com as pessoas à sua volta e ainda se sente magoado pelo abandono da esposa e sente saudades dos filhos. Mas, minha personagem favorita no livro inteiro é a Marina Rivera. Ela é o tipo de pessoa em quem eu votaria para presidente.

Debaixo da água, sozinho, Dornelas apertou os olhos, arreganhou os dentes, e num grunhido animalesco, chorou de dor.

Se tem algo que amo em um bom romance policial são os clichês básicos de um livro do gênero, como, por exemplo, os insights* que os policiais/investigadores tem de vez em quando sobre o crime, muitas vezes quando estão fazendo coisas corriqueiras.

Com cautela, Dornelas aproximou o peixe do casco, debruçou-se sobre a amurada e quando o puxou pelo rabo para fora da água, uma lâmpada se acendeu na mente e ele ficou ali, de pé, estático, segurando o peixe pelo rabo por alguns segundos, como se esperasse que alguém lhe tirasse uma foto.

Para finalizar, quero recomendar esse livro à quem gosta do gênero. O autor soube manter a atenção do leitor focada, com sua boa escrita e enredo intrincado. Gostaria de agradecer ao Paulo Levy pela oportunidade dessa leitura!

Super beijos e até a próxima! <3


*Insight: é um substantivo com origem no idioma inglês e que significa compreensão súbita de alguma coisa ou determinada situação. [...] Nos desenhos, o insight é representado com o desenho de uma lâmpada acesa em cima da cabeça do personagem, indicando um momento único de esclarecimento em que se fez luz. Fonte.

5 comentários:

  1. Olha eu também gosto bastante de investigação policial, mas eu não pegaria o livro para ler nesse momento por conta de estar nos livros mais Românticos sabe? Mas com certeza esse livro irá entrar para minha lista de desejos, até porque eu gosto também de dar uma variada de vez enquando nas leituras. Faz um bom tempo que não leio nada assim e a história pela sua resenha me chamou bastante atenção.

    E concordo com vc em uma coisa...Quando o mistério fica bastante obvio ou até mesmo quem matou tal pessoa, fica meio sem graça, porque vc já sabe realmente o que irá acontecer. Eu também não gosto, mas mesmo assim vou conferir o livro assim que puder =] Parabéns


    lovereadmybooks.blogspot.com.br

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  2. Ai que legal ainda não li nenhum livro policial, tenho medo, mas gosto muito da séries policiais

    www.byanak.com.br

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  3. Oiee ^^
    Histórias com crimes, investigações e coisas do tipo não são o meu gênero favorito, na verdade, é um dos poucos gêneros que eu não leio, então não sei se leria o livro *-*
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  4. esses 'insights' <3
    faz tempo que não leio um romance policial, e esse me pareceu, só pela resenha, bem intrincado, como você disse. só o nome "réquiem" já me chamou atenção. só não curti muito a capa, sei que é errado, mas eu gosto de livros com capas lindas, que me seduzem. rsrs bjs


    gabryel fellipe

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  5. Olá :D
    Faz milênios que não leio um bom romance policial, esse parece ser uma boa pedida. Pode parecer preconceito da minha parte, mas acho estranho ele ser bom e ser nacional ao mesmo tempo. Pena que a resolução do mistério não foi tão surpreendente assim. Mas juro que fiquei curiosa para saber o final hehe. Bjs!

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